Eduardo Caires: agosto 2018

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Empresa é multada por crime ambiental no Maranhão

Empresa Pelicano foi multada por cometer um crime ambiental no município de Alto Alegre do Pindaré, a 219 km de São Luís. Segundo um empresário da cidade, que prefere não se identificar, um terreno de nove hectares que havia sido alugado por ele à empresa foi usado para enterrar lixo e até material poluente e tóxico.

O procurador do Município de Alto Alegre do Pindaré, Diego Rolim, diz que a Empresa Pelicano foi multada em quatro milhões de reais, além de ser obrigada a despoluir o terreno, mas depois de um acordo com o Município o valor da multa foi reduzido. O procurador acrescentou que caso a empresa não pague a multa a Justiça será acionada a fim de que sejam tomadas as medidas penais.

“Foi uma negociação feita. Nós atribuímos um valor, foi negociado. Eles pediram uma redução e nós até então aceitamos justamente para que ela possa pagar isso e estamos aguardando. Caso não seja comprovado o efetivo cumprimento desse nosso contrato nós entraremos com as medidas judiciais cabíveis. Nós já entramos com a denúncia perante ao Ministério Público para que ele adote as medidas penais cabíveis no caso porque até então nós temos que saber quem foi o diretor que ordenou esses crimes ambientais aqui em desfavor do nosso município”, contou Diego Rolim.

O terreno fica na zona rural de Alto Alegre do Pindaré. É uma área cheia de palmeiras de babaçu, que estava alugada para a empresa que presta serviço para a Vale do Rio Doce na obra de duplicação da Ferrovia Carajás. No local funcionavam a garagem de veículos, máquinas, oficinas e o escritório da empresa.

Terreno contaminado fica na zona rural de Alto Alegre do Pindaré  (Foto: Reprodução/TV Mirante)

O contrato de aluguel durou dois anos e meio, e só próximo de assinar o documento de devolução do terreno foi que o proprietário recebeu a denúncia de que o local estava com sinais de contaminação.

Murilo Prata é representante do dono do terreno e ele conta que é possível perceber superficialmente a grande quantidade de lixo que está enterrado no espaço. “Faltando uns 30 dias que me chamaram para assinar o contrato de devolução um ex-funcionário da empresa que era muito amigo da gente falou que no terreno da Pelicano onde a Vale prestava serviço também tem muito lixo enterrado. Enterraram muito ferro, muita madeira e eu não ia pegar um terreno desse sujo para depois a responsabilidade vim para a gente. Eu neguei assinar o documento onde eu estava recebendo o terreno e procurei a Secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos”, revelou.

Uma equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Alto Alegre do Pindaré foi até o terreno e realizou escavações, onde encontrou material tóxico como filtros de óleo. De acordo com o assessor da Secretaria, Luiz Carlos Freitas, testes de laboratório comprovaram que o solo está contaminado por óleo de combustível queimado que, segundo ele, é nocivo ao ser humano. “O óleo é proibido e por isso que existe caminhões que recolhem o óleo nos postos de combustíveis porque ele é totalmente nocivo”.

Além dos crimes ambientais foi constatado muito desperdício como, por exemplo, a presença de caixas de água em perfeitas condições de uso que foram deixadas no terreno e agora estão servindo de criadouros de mosquitos.

Sobre os crimes ambientais apresentados no terreno, a Secretaria de Meio Ambiente de Alto Alegre do Pindaré informou que decidiu interditar o local por três anos. Já a Empresa Pelicano disse que todos os itens do acordo feito com a Prefeitura estão sendo cumpridos e que está só aguardando a autorização do proprietário do terreno e da Prefeitura para iniciar o trabalho de recuperação da área. A Empresa Vale informou que as negociações junto ao órgão ambiental e também ao dono do terreno são de responsabilidade da Empresa Pelicano, mas que vai acompanhar a questão esperando que ela seja resolvida no menor prazo possível e de maneira satisfatória para todas as partes envolvidas.

FONTE G1: https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2018/08/29/empresa-e-suspeita-de-cometer-crime-ambiental-no-maranhao.ghtml

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) - parte 3

Finalizando a série de artigos o qual falei sobre o IQA, neste ultimo irei comentar sobre como calcular este Índice.

O cálculo em si, do IQA é realizado por meio do produtório ponderado dos nove parâmetros analisados, com base na seguinte fórmula:



Onde:

IQA = Resulta em um número entre 0 e 100%;

qi = qualidade do i-ésimo parâmetro. Um número entre 0 e 100, obtido do respectivo gráfico de qualidade, em função de sua concentração ou medida (resultado da análise);

wi = peso correspondente ao i-ésimo parâmetro fixado em função da importância, o resultado obtido é um número entre 0 e 1, de forma que:


Para calcularmo o qi utilizamos as formulas descritas nas figuras abaixo, sendo calculado para cada parâmetro de acordo com o gráfico de qualidade (vide artigo parte 1). Equações das curvas de qualidade da água do NSF, elaboradas pela CETESB. Fonte: Sperling, 2007, p. 255.




Planilha Cálculo IQA

No link você consegue baixar a planilha que formulei para realizar os cálculos de #IQA e para ilustrar a utilização gravei um rápido vídeo.

Vídeo calculo de IQA
Do mais esperam que tenham gostado da série de artigos sobre o IQA e que lhes ajude na utilização deste índice.

Atenciosamente
MSc. Eduardo Caires

Sou Biólogo, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, especialista em recursos hídricos e avaliação de risco ambiental. Atuo com Consultoria Ambiental e Perito Judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No setor de Meio Ambiente me consolidei nos seguintes tópicos: análises ambientais; avaliação da qualidade de cursos d'água, água para consumo humano; tratamento de efluentes (esgoto sanitário e industrial); gestão de resíduos sólidos; gerenciamento de áreas contaminadas; recuperação de áreas degradadas; valoração de dano ambiental; ecologia aplicada; mitigação de impactos ambientais e licenciamento ambiental.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) - parte 2

Dando continuidade a série de artigos sobre IQA, vou falar neste um pouco sobre cada parâmetro que está contido neste índice.

Para quem ainda não leu a parte 1 abaixo segue o link:

https://eduardocaires-perito.blogspot.com/2018/08/indice-de-qualidade-das-aguas-iqa-parte.html

Caso já tenha lido a primeira parte vamos recapitular um pouco. O IQA é composto por nove parâmetros analíticos que representam a presença de contaminação de águas superficiais por meio de efluentes sanitários (domésticos) ou industriais, sendo eles: Oxigênio Dissolvido (O.D.), Coliformes Termotolerantes, pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio (D.B.O..), Temperatura, Nitrogênio Total, Fosforo Total, Turbidez, Resíduos Total.

Bom, então vamos para o que importa, saber o que é cada um destes.

Oxigênio Dissolvido (O.D.)

O O.D. é essencial para a preservação da vida aquática, já que vários organismos (ex: peixes, macroinvertebrados, bactérias aeróbias, etc.) utilizam o oxigênio para respiração. Águas poluídas por efluentes apresentam baixa concentração de O.D., pois ele é consumido no processo de decomposição microbiano da matéria orgânica. Por outro lado as águas limpas apresentam concentrações de oxigênio dissolvido mais elevadas, geralmente superiores a 5,0 mg/L, exceto se houverem condições naturais que causem baixos valores deste parâmetro, como por exemplo, ambientes lênticos (lagos e lagoas).

Porém ambientes aquáticos eutrofizadas podem apresentar concentrações de oxigênio superiores a 10 mg/L, sendo este cenário conhecido como supersaturação. Isto ocorre principalmente em lagos e represas em que o excessivo crescimento das algas faz com que durante o dia (período de fotossíntese), os valores de oxigênio fiquem mais elevados. Por outro lado, durante a noite a respiração destes organismos faz com que as concentrações de oxigênio diminuam drasticamente, podendo ocasionar a mortandade de peixes, por exemplo

Além da fotossíntese, o oxigênio também é introduzido nas águas através do processo de difusão, que dependem das características hidráulicas dos corpos d’água, como por exemplo, velocidade de movimentação, quedas, correnteza, entre outros processos físicos.

O O.D. é um parâmetro que em minha opinião deve ser realizado em campo, pois de acordo com as orientações do Standard Methods (SMWW 22ªed.), o seu tempo de estabilidade é de 15 minutos.

Método de Referência: SMWW 22ªed. 4500 O-G, determinação de oxigênio dissolvido por eletrodo de membrana.

Coliformes termotolerantes

Os Coliformes são bacilos gram-negativos indicadoras de contaminação e os principais gêneros são: Escherichia, Enterobacter e Klebsiella.

São largamente utilizadas na avaliação da qualidade das águas, servindo de parâmetro microbiológico básico às legislações CONAMA 357, Anexo XX Portaria de Consolidação nº05, Decreto 8468 de 76, entre outras que se utilizam desse controle para garantir a qualidade da água para o consumo humano, balneabilidade ou processos industriais.

Os coliformes termotolerantes, também denominados, coliformes fecais, ocorrem no trato intestinal de animais de sangue quente e são indicadoras de poluição por esgotos sanitários. Indicam a existência de microrganismos patogênicos que são responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica.

O período de estabilidade deste parâmetro é de 24 horas apos a coleta da amostra, segundo o SMWW 22ªed.

Método de Referência: SMWW 22ªed. 9222 D, determinação por membrana filtrante ou SMWW 22ªed. 9223 B determinação por tubos múltiplos.

Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH em ecossistemas aquáticos influencia diretamente no funcionamento fisiológico das espécies. A Resolução CONAMA 357 estabelece que para a proteção da vida aquática o pH deve estar entre 6 e 9. Alterações nos valores de pH também podem alterar o efeito de substâncias químicas que são tóxicas para os organismos aquáticos, como os metais pesados e agrotóxicos por exemplo.

Com o mesmo critério utilizado para o O.D., a análise de pH deve ser realizada em campo.

Método de Referência: SMWW 22ªed. 4500 H+, determinação pelo método potenciométrico.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5,20)

A DBO é um parâmetro que representa a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica presente na água através da decomposição microbiana aeróbia. A descrição 5,20 é a quantidade de oxigênio consumido durante 5 dias em uma temperatura de 20°C, esta padronização se por meio de um experimento realizado pelo químico inglês Frankland, em 1870, sendo o numero de cinco dias o período que a água do rio Tamisa demora para percorrer de Londres até o mar e 20ºC é a sua temperatura média anual.

Valores altos de DBO5,20 indica a presença de poluição orgânica no corpo hídrico, além de baixas concentrações de O.D., o que pode provocar mortandades de peixes e eliminação de outros organismos aquáticos.

Para a análise de DBO é importante que amostra seja incubada em até 24 horas após a coleta da amostra, porém caso não for possível, até 48 horas a estabilidade deste parâmetro se mantém, de acordo com o SMWW 22ªed.

Método de Referência: SMWW 22ªed. 5210 B, determinação de DBO5,20 pelo método respirométrico.

Temperatura

A temperatura influência vários outros parâmetros físico-químicos da água, como a tensão superficial e a viscosidade. Os organismos aquáticos são afetados por temperaturas fora de seus limites de tolerância térmica, o que causa impactos sobre seu crescimento e reprodução.

Todos os corpos d’água apresentam variações de temperatura ao longo do dia e das estações do ano, no entanto, o lançamento de efluentes com altas temperaturas pode causar impacto significativo, elevando a temperatura do corpos hídrico.

Seguindo o mesmo critério aplicado ao O.D. e pH, a temperatura da água é um parâmetro que deve ser medido em campo.

Método de Referência: SMWW 22ªed. 2550 B, determinação por sensor térmico.

Nitrogênio Total

Nos corpos d’água o nitrogênio pode ocorrer nas formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. O nitrato é tóxico ao humano, e em altas concentrações causa uma doença chamada metahemoglobinemia infantil, que é letal.

Pelo fato dos compostos de nitrogênio serem nutrientes de processos biológicos, seu lançamento em grandes quantidades nos corpos hídricos, em conjunto com outros nutrientes, como o fósforo por exemplo, causa um crescimento excessivo das algas levando ao processo de eutrofização, o que pode prejudicar o abastecimento público, a recreação e a preservação da vida aquática.

As fontes de nitrogênio para os corpos d’água são variadas, sendo uma das principais o lançamento de esgotos sanitários e efluentes industriais. Em áreas agrícolas, o escoamento da água das chuvas em solos que receberam fertilizantes também é uma fonte de nitrogênio, assim como a drenagem de águas pluviais em áreas urbanas.

Também ocorre a fixação biológica do nitrogênio atmosférico pelas algas e bactérias. Além disso, outros processos, tais como a deposição atmosférica pelas águas das chuvas também causam aporte de nitrogênio aos corpos d’água.

Como citado no primeiro parágrafo deste item, o nitrogênio total é a soma dos tipos de nitrogênio e cada um dentro do laboratório possui um método para determinação.

Nitrogênio Orgânico (Kjeldahl) - Método de Referência: SMWW 22ed. 4500 Norg, determinação pelo método micro, semi-micro ou macro kjeldahl. Prazo de estabilidade é de 7 dias com preservação por ácido sulfúrico.

Nitrogênio Amoniacal - Método de Referência: SMWW 22ed. 4500 NH3, determinação pelo método colorimétrico. Prazo de estabilidade é de 7 dias com preservação por ácido sulfúrico.

Nitrato - Método de Referência: USEPA 300.1, determinação por cromatografia iônica. Prazo de estabilidade de 48 horas.

Nitrito - Método de Referência: USEPA 300.1, determinação por cromatografia iônica. Prazo de estabilidade de 48 horas.

Fósforo Total
Do mesmo modo que o nitrogênio, o fósforo é um importante nutriente para os processos biológicos e seu excesso pode causar a eutrofização. Entre as fontes de fósforo destacam-se os esgotos domésticos, pela presença dos detergentes superfosfatados e da própria matéria fecal. A drenagem pluvial de áreas agrícolas e urbanas também é uma fonte significativa de fósforo para os rios, visto que os fertilizantes utilizados na lavoura possuem o fósforo como nutriente de aplicação. Entre os efluentes industriais destacam-se os das indústrias de fertilizantes, alimentícias, laticínios, frigoríficos e abatedouros.

Método de Referência: SMWW 22ed. 4500 P B/E, determinação pelo método de digestão ácida e colorimetria com ácido ascórbico. Prazo de estabilidade é de 7 dias com preservação por ácido sulfúrico.

Turbidez

A turbidez indica o grau de atenuação que um feixe de luz sofre ao atravessar a água. Esta atenuação ocorre pela absorção e espalhamento da luz causada pelos sólidos em suspensão (silte, areia, argila, algas, detritos, etc. ).

A principal fonte de turbidez é a erosão dos solos, quando na época das chuvas as água pluviais trazem uma quantidade significativa de material sólido para os corpos d’água, além do revolvimento do sedimento.

Atividades de mineração, assim como o lançamento de esgotos e de efluentes industriais, também são fontes importantes que causam uma elevação da turbidez das águas.

O aumento da turbidez faz com que uma quantidade maior de produtos químicos (ex: coagulantes) sejam utilizados nas estações de tratamento de águas, aumentando os custos de tratamento. Além disso, a alta turbidez também afeta a preservação dos organismos aquáticos, o uso industrial e as atividades de recreação.

Para peixes predadores, como por exemplo o Aruanã, que se utilizam do sentido da visão para caçar suas presas, em águas com turbidez elevada, prejudica que esses animais cacem e se alimentem adequadamente.

Método de Referência: SMWW 22ed. 2130 B, determinação pelo método nefelométrico. Prazo de estabilidade do parâmetro é de 24 horas.

Resíduo Total

O resíduo total, também conhecido como Sólidos Totais Totais (STT) é a matéria que permanece após a evaporação, secagem ou calcinação da amostra de água durante um determinado tempo e temperatura.

Quando os resíduos sólidos se depositam nos leitos dos corpos d’água podem causar seu assoreamento, que gera problemas para a navegação e pode aumentar o risco de enchentes. Além disso podem causar danos à vida aquática pois ao se depositarem eles destroem os organismos que vivem nos sedimentos (macroinvertebrados bentônicos) que são a base da teia alimentar em ecossistemas aquáticos, além de danificar os locais de desova de algumas espécies de peixes.

Método de referência: SMWW 22ªed. 2540 B, determinação por secagem a 103 a 105ºC. O prazo de estabilidade deste parâmetro é de 7 dias.

Bem, finalizando este artigo que será o mais longo da série, pois foi descrito cada parâmetro do IQA, bem como sugestões de métodos analíticos e preservação das amostras. Na terceira e ultima parte desta série de artigos, irei falar sobre como realizar os cálculos.

Atenciosamente,

MSc. Eduardo Caires

Sou Biólogo, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, especialista em recursos hídricos e avaliação de risco ambiental. Atuo com Consultoria Ambiental e Perito Judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No setor de Meio Ambiente me consolidei nos seguintes tópicos: análises ambientais; avaliação da qualidade de cursos d'água, água para consumo humano; tratamento de efluentes (esgoto sanitário e industrial); gestão de resíduos sólidos; gerenciamento de áreas contaminadas; recuperação de áreas degradadas; valoração de dano ambiental; ecologia aplicada; mitigação de impactos ambientais e licenciamento ambiental.

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) - parte 1

O Índice de Qualidade das Águas, popularmente conhecido como IQA, foi criado em 1970 nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation e A partir de 1975 começou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) passou a adotar este índice no monitoramento da qualidade das águas continentais e atualmente é um dos índices mais utilizados no país.

O IQA foi desenvolvido com a finalidade de se avaliar a qualidade da água bruta para o abastecimento público. Os parâmetros utilizados no cálculo são indicadores de contaminação por efluentes domésticos ou industriais, desde que sejam de natureza orgânica.

Em síntese, para cálculo do IQA são utilizados nove parâmetros (Tabela 1), onde é estabelecida uma qualidade q de 0 a 100 para cada um deles e cada q é elevado à ponderação correspondente w. O IQA é obtido multiplicando-se cada componente qw.

Tabela 1: Parâmetros utilizados para cálculo de IQA e seu respectivo peso.

Fonte: ANA, 2004.

E além do peso de cada parâmetro, apresenta o valor de q em função da sua concentração determinada, como nos mostra a Figura 1.

Figura 1: valor de q baseado na resultado determinado para cada parâmetro do IQA.

Fonte: ANA, 2004.

A partir do cálculo efetuado, pode-se determinar a qualidade das águas brutas, que é indicada pelo IQA, variando numa escala de 0 a 100%, representado na Tabela 2.

Tabela 2: Classificação do IQA

Fonte: CETESB, 2015.

Este método de avaliação possui suas limitações, visto que o conjunto dos parâmetros analisados é pequeno e fica de fora outros importantes para o abastecimento público como, por exemplo, metais pesados, pesticidas, compostos orgânicos, protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas da água.

Porém o seu custo de aplicação é relativamente barato em comparação a monitoramentos baseados em legislações mais completas como o Art. 15 do CONAMA 357 de 2004 ou os Anexos do Anexo XX da portaria de consolidação n.05 de 2017, além da facilidade de se encontrar laboratórios prestadores de serviços (Acreditados na ISO 17025) que possuam capacidade em executar estes parâmetros.

Em resumo, o custo beneficio do IQA o torna muito vantajoso para utilização em programas de monitoramento de águas superficiais.

Nos próximos artigos irei falar sobre cada parâmetro presente neste índice até chegarmos em como montar uma planilha de cálculos no excel.

Atenciosamente,


MSc. Eduardo Caires

Sou Biólogo, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, especialista em recursos hídricos e avaliação de risco ambiental. Atuo com Consultoria Ambiental e Perito Judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No setor de Meio Ambiente me consolidei nos seguintes tópicos: análises ambientais; avaliação da qualidade de cursos d'água, água para consumo humano; tratamento de efluentes (esgoto sanitário e industrial); gestão de resíduos sólidos; gerenciamento de áreas contaminadas; recuperação de áreas degradadas; valoração de dano ambiental; ecologia aplicada; mitigação de impactos ambientais e licenciamento ambiental.

https://www.youtube.com/channel/UCy4PhT88kqSXlFGcmw1CBBA

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Sobre o Anexo XX da Portaria de Consolidação nº5 de 2017 - Cianotoxinas


Muitos clientes me perguntam se em manancial subterrâneo é necessário realizar as análises descritas no Anexo 8 (Cianotoxinas) do Anexo XX da Portaria de Consolidação nº5 (Antiga 2914 de 2011).

Antes de dissertar sobre, vejamos o que está escrito no anexo 8 do anexo XX:


Repare que no anexo 8 não está determinado em qual tipo de manancial se deve realizar estas análises e muito menos a sua frequência, isso pois, este anexo tem por função preconizar quais as toxinas de interesse e o seu Valor Máximo Permitido (VMP).

Nas notas deste anexo, temos a (1) que faz referência a frequência do monitoramento previsto na tabela do Anexo 12 do Anexo XX (O texto da portaria traz o número em algariamos romanos, porém isso é um erro de digitação, pois como estamos falando dos Anexos do Anexo XX, estes devem ser escritos em algarismos arábicos), vejamos o conteúdo da tabela:

Na tabela acima, é possível verificar que na segunda coluna "Tipo de Manancial", na linha referente ao parâmetro "Cianotoxinas" está escrito "Superficial", com base nisto, em conjunto com o Art. 40. §1º que diz:
"Para minimizar os riscos de contaminação da água para consumo humano com cianotoxinas, deve ser realizado o monitoramento de cianobactérias, buscando-se identificar os diferentes gêneros, no ponto de captação do manancial superficial, de acordo com a Tabela do Anexo 11 do Anexo XX, considerando, para efeito de alteração da frequência de monitoramento, o resultado da ultima amostragem."

E com base nestas informações, a orientação que eu passo aos meus cliente quando me questionam sobre é: 
 - "Vamos seguir o que a legislação pede!"

A importância de lermos atentamente os artigos e parágrafos das legislações é, não para que seja decorada, mas sim para que seja entendido o seu conteúdo e, aplicado de acordo com cada tipo de manancial de captação e população abastecida, garantindo assim a qualidade da água servida bem como a correta utilização dos recursos financeiros.

domingo, 12 de agosto de 2018

BHP: acordo da Samarco e autoridades cria ambiente estável para reparações

Acordo assinado entre a Samarco, BHP Billiton, Vale, MP e órgãos dos governos federal, do ES e de MG, extinguiu ação de 20 bi de reais contra as companhias

São Paulo – A homologação na véspera pela Justiça de acordo entre Samarco e autoridades sobre modelo de governança para a reparação dos atingidos por rompimento de barragem da empresa em Mariana (MG), há quase três anos, cria um ambiente mais estável para o trabalho e as negociações em andamento, disse à Reuters executivo da BHP Billiton, uma das donas da mineradora.


O acordo, assinado em 25 de junho entre a Samarco e suas acionistas (BHP Billiton e Vale), Ministério Público e órgãos dos governos federal, do Espírito Santo e de Minas Gerais, extinguiu uma ação de 20 bilhões de reais movida contra as companhias.

O objetivo do acordo foi ampliar a participação das pessoas atingidas no processo de reparação dos impactos decorrentes do colapso da estrutura, que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, até o mar no Estado do Espírito Santo.

Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, o presidente das joint ventures não operadas da BHP Billiton, Bryan Quinn, afirmou que a medida foi “um passo muito importante que mantém a continuidade e a legitimidade dos esforços de compensação e remediação”, além de reforçar a participação das comunidades impactadas no processo e na governança em relação à remediação e à remuneração.

“O acordo de governança cria um ambiente legal e institucional mais estável para o trabalho e as negociações em andamento”, afirmou.

A Samarco prevê obter em 2019 todas as licenças necessárias para retomar sua produção de minério de ferro em Mariana (MG), onde uma de suas barragens de rejeitos se rompeu, causando a paralisação de suas atividades desde novembro de 2015, informou a empresa em nota à Reuters na terça-feira.

O executivo ponderou, no entanto, que ainda há muito trabalho a fazer e um longo caminho a percorrer em muitas frentes.

“Agora temos mais interessados envolvidos do que no passado, o que é positivo, mas também significa que a atividade nem sempre se move tão rapidamente quanto gostaríamos. É um processo complexo, envolvendo dimensões técnicas, legais, sociais e políticas”, disse.

Quinn reiterou ainda que a BHP continua a apoiar a Renova, instituição independente criada para reparar danos causados pelo rompimento da barragem, que tem recebido recursos das sócias.

https://exame.abril.com.br/negocios/bhp-acordo-da-samarco-e-autoridades-cria-ambiente-estavel-para-reparacoes/


sábado, 11 de agosto de 2018

Macroinvertebrados bentônicos como indicadores ambientais

Os macroinvertebrados aquáticos compreendem indivíduos de diversos grupos como, platelmintos, anelídeos, moluscos, crustáceos e principalmente insetos. Esses organismos podem ser visto a olho nu e capturados em uma malha que varia de tamanho podendo chegar a aproximadamente até 500µm (MARGALEF, 1983; ESTEVES, 1998). Esses organismos são encontrados em diversas partes dos ecossistemas aquáticos de água doce, habitando sedimento, coluna d’ água, as raízes de plantas aquáticas, pedras, galhos e folhas, durante todo seu ciclo de vida ou parte dele (APHA, 1989; ESTEVES, 1998).

A comunidade de macroinvertebrados interage em diversos processos com o ambiente aquático, possuindo características relevantes, que segundo Rosenberg, Resh, (1993) e Bicudo & Bicudo (2004), apontam algumas vantagens no uso desses organismos em relação à avaliação da qualidade da água:

(a)Habitam praticamente todos os ecossistemas aquáticos;

(b)Capacidade de locomoção limitada, fazendo com que sua existência ou ausência esteja relacionada com as condições do habitat;

(c) Apresentam facilidade no uso de manipulações experimentais e resultados mais precisos;

(d) Exibem ampla variedade de tolerância a vários graus de impacto;

(e) Presentes antes e após eventos antrópicos no ambiente de estudo.

Além disso, os insetos aquáticos atuam como fragmentadores e decompositores da matéria orgânica, sendo importantes elementos de cadeias e redes alimentares (ESTEVES, 1988). Esses organismos podem ser classificados em espécies generalistas ou especialistas em virtude do local em que vivem e as adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais que apresentam, em relação à sua distribuição no ambiente analisado (NESSIMIAN & CARVALHO, 1998).

De acordo com Goulart & Callisto (2003) e Moretti & Moreno (2006), existe uma grande diversidade de macroinvertebrados que exibem diferentes níveis de tolerância em relação ao tipo de ambiente. Organismos sensíveis estão adaptados a viver em águas limpas com uma grande quantidade de oxigênio, estando frequentemente associados a substratos rochosos, ou à vegetação submersa. Os tolerantes são predadores e vivem preferencialmente nas margens dos rios, também em toda coluna d’ água e conseguem sobreviver à concentrações baixas de oxigênio dissolvido. Já os resistentes vivem em diversos tipos de corpos d’água principalmente em águas poluídas, com pouca quantidade de oxigênio ou até mesmo ausência de oxigênio dissolvido na água (GOULART & CALLISTO, 2003).

Além dos insetos aquáticos apresentarem diferentes níveis de tolerância em relação ao ambiente, em seu último estágio de desenvolvimento, tendem a apresentar maior especificidade nutricional, permitindo a classificação desses insetos aquáticos em cinco grupos tróficos funcionais:

-Fragmentadores: alimentam-se de tecido vegetal, podendo ser herbívoro ou detritívoro;

-Coletores: alimentam-se de matéria orgânica particulada fina, podendo ser detritívoros ou filtradores;

-Raspadores: alimentam-se de perifíton aderidos à superfície orgânica ou mineral;

-Predadores: alimentam-se de outros invertebrados aquáticos ou de pequenos vertebrados como peixes e anfíbios;

-Parasitos: alimentam-se internamente ou externamente do corpo de outro organismo.

Algumas famílias de macroinvertebrados apresentam diferentes grupos tróficos, como é o caso de larvas da família Chironomidae (Diptera) podendo ser coletores, raspadores, fragmentadores e predadores (TRIVINHO-STRIXINO & STRIXINO, 1995; ROQUE et al., 2003).

Tratando-se de organismos aquáticos, a comunidade de macroinvertebrados vem sendo cada vez mais estudada, contribuindo para aumentar o conhecimento ecológico sobre a dinâmica e funcionamento dos ecossistemas aquáticos (ROQUE et al., 2003).

Diante do exposto, a utilização deste método de baixo custo pode e deve ser empregado em perícias ou em complementos de planos de monitoramento ambiental, pois somente análises físico-químicas nos fornecem dados de uma situação pontual, já a utilização de bioindicadores pode nos fornecer dados referente a um período maior de tempo e que em alguns casos podem corroborar ou conflitar os resultados obtidos em testes laboratoriais convencionais.




Como calcular a Concentração Letal (CL50) - Ecotoxicidade Aguda

Neste vídeo eu mostro como realizei os cálculos de LC50 da minha dissertação no software R.

De forma rápida e simples, além de que disponibilizo também os comandos que elaborei: rd <- read.csv(file.name <- choose.files(), sep=";", header=TRUE) rd require (drc) rd.m1 <- drm(conc ~ dead, data = rd, fct = LL.4(names = c("Slope", "Lower Limit", "Upper Limit", "LC50"))) summary(rd.m1) drm(formula = dead ~ conc, data = rd, fct = LL.2()) mod <- drm(dead ~ conc, data = rd, fct = LL.2()) summary (mod) ED(mod, 50, interval = "delta") plot(mod, type="all", ylab = "Death rate", xlab = "LC50") Galera só um detalhe, aqui na descrição o Youtube não permite os símbolos menor e maior que. Então prestem atenção junto ao vídeo nos comandos para os cálculos.

https://www.youtube.com/watch?v=jj8mg_7Pt_4&t=77s


sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Alteração de Segmento

Boa tarde Pessoal!
Anteriormente o nosso foco era referente o aquarismo!
A partir de hoje, depois de deixar por um tempo desativado esse blog, vou retomar a manutenção dos conteúdos e vou abordar temas relacionados a meio-ambiente, consultorias e perícias, além de curiosidades sobre Biologia, que como sou formado na área não poderia deixar de lado, entre outros!
Att,
Eduardo Caires
Biólogo