Continuando a falar sobre índices
que nos ajudam a classificar a qualidade das águas superficiais, trago agora a vocês
o IVA, que significa: Índice de
Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática e de Comunidades Aquáticas.
Para quem não viu a série de
artigos anteriores deixo abaixo o link da vídeo aula sobre o cálculo do IQA
Cetesb:
Proposto por Zagatto et al., 1999, o IVA tem por objetivo avaliar a qualidade das águas
para fins de proteção da fauna e flora aquática em geral, diferente do IQA, por
exemplo, que mensura a qualidade da água com base na contaminação por efluentes
sanitários.
O IVA leva em consideração a presença e concentração de
contaminantes químicos tóxicos, seu efeito sobre os organismos aquáticos
(toxicidade aguda e crônica) e duas das variáveis consideradas essenciais para a biota aquática, pH e O.D. (oxigênio dissolvido), variáveis essas que são agrupadas no IPMCA – Índice de Variáveis
Mínimas para a Preservação da Vida Aquática, bem como o IET – Índice do Estado
Trófico de Carlson modificado por Lamparelli (2004). Desta forma, este índice nos fornece
informações não só sobre a qualidade da água em termos ecotoxicológicos, mas também sobre o seu grau de trofia.
O IPMCA é composto por dois grupos de variáveis:
- Variáveis Essenciais (VE): O.D., pH e toxicidade (lembrando que os testes ecotoxicologicos devem ser analisados tanto para o efeito agudo, quando para o crônico).
- Substâncias Tóxicas (ST): Metais pesados (Cádmio, Cromo, Cobre dissolvido, Chumbo, Mercúrio, Níquel e Zinco), mais Surfactantes, também conhecidos como substancias tensoativas que reagem com o azul de metileno.
Para
cada parâmetro analisado, são estabelecidos três diferentes níveis de
qualidade, com ponderações numéricas de 1 a 3 e que correspondem a Valores Máximos Permitidos (VMP) estabelecidos pela Resolução CONAMA 357 de 2005 e as normas Americanas e Francesa para padrão de qualidade de águas superficiais.
Esses níveis refletem as
seguintes condições de qualidade de água:
Nível A: Águas com características
desejáveis para manter a sobrevivência e a reprodução dos organismos aquáticos.
Atende aos padrões de qualidade da Resolução CONAMA 357/2005 para águas classes
1 e 2 (BRASIL, 2005). (ponderação 1). A exceção é o O.D. para classe 1 cujo valor é ≥ 6,0 mg/L O2.
Nível B: Águas com características
desejáveis para a sobrevivência dos organismos aquáticos, porém a reprodução
pode ser afetada a longo prazo (ponderação 2).
Nível C: Águas com
características que podem comprometer a sobrevivência dos organismos aquáticos
(ponderação 3).
Cálculo do IPMCA:
IPMCA = VE x ST
Onde:
VE = Valor da maior ponderação do grupo das variáveis essesnciais.
ST = Valor médio das tês maiores ponderações do grupo de substancias tóxicas. Este valor é um
número inteiro e o critério de arredondamento deverá ser o seguinte: valores menores que 0,5 serão
arredondados para baixo e valores maiores ou iguais a 0,5 para cima.
O valor do IPMCA pode variar de 1 a 9, sendo subdividido em quatro faixas de qualidade
Já o IET, índice de estado trófico, é baseado nas concentrações de Fósforo e Clorofila presentes na água e variável de acordo com o tipo de ambiente (lêntico e lótico).
O Índice do Estado Trófico apresentado e utilizado no cálculo do IVA, será composto pelo Índice do Estado Trófico para o fósforo – IET(PT) e o Índice do Estado Trófico para a clorofila a – IET(CL), modificados por Lamparelli (2004), sendo estabelecidos para ambientes lóticos, segundo as equações:
- Rios:
IET (CL) = 10x(6-((-0,7-0,6x(ln CL))/ln 2))-20
IET (PT) = 10x(6-((0,42-0,36x(ln PT))/ln 2))-20
- Reservatórios:
IET (CL) = 10x(6-((0,92-0,34x(ln CL))/ln 2))
IET (PT) = 10x(6-(1,77-0,42x(ln PT)/ln 2))
Onde:
PT = concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µg.L-1;
CL = concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µg.L-1;
ln = logaritmo natural.
O resultado dos valores mensais apresentados nas tabelas do IET será a média aritmética simples, com arredondamento da primeira casa decimal, dos índices relativos ao fósforo total e a clorofila a, segundo a equação:
IET = [ IET ( PT ) + IET ( CL) ] / 2
Os limites estabelecidos para as diferentes classes de trofia para rios e reservatórios estão descritos nas tabelas a seguir:
Realizados os cálculos anteriores é possível se obter o IVA por meio da seguinte equação:
IVA = (IPMCA x 1,2) + IET
E de acordo com os resultados obtidos no indice, comparamos com a tabela abaixo:
Que resulta em cinco classificações diferentes para o IVA:
De acordo com o Decreto Estadual
8468 de 1976 e a Resolução federal CONAMA 357/05, a proteção das comunidades aquáticas está prevista para
corpos d’água enquadrados nas classes 1, 2 e 3, sendo, portanto, pertinente a aplicação do IVA somente para
esses ambientes.
Fonte: Qualidade das Águas Interiores no estado de São Paulo. Apêndice D - Indice de Qualidade de Águas, disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/aguas-interiores/wp-content/uploads/sites/12/2017/11/Ap%C3%AAndice-D-%C3%8Dndices-de-Qualidade-das-%C3%81guas.pdf
Atenciosamente,
MSc. Eduardo Caires
Sou Biólogo, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, especialista em recursos hídricos e avaliação de risco ambiental. Atuo com Consultoria Ambiental e Perito Judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No setor de Meio Ambiente me consolidei nos seguintes tópicos: análises ambientais; avaliação da qualidade de cursos d'água, água para consumo humano; tratamento de efluentes (esgoto sanitário e industrial); gestão de resíduos sólidos; gerenciamento de áreas contaminadas; recuperação de áreas degradadas; valoração de dano ambiental; ecologia aplicada; mitigação de impactos ambientais e licenciamento ambiental.
MSc. Eduardo Caires
Sou Biólogo, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, especialista em recursos hídricos e avaliação de risco ambiental. Atuo com Consultoria Ambiental e Perito Judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
No setor de Meio Ambiente me consolidei nos seguintes tópicos: análises ambientais; avaliação da qualidade de cursos d'água, água para consumo humano; tratamento de efluentes (esgoto sanitário e industrial); gestão de resíduos sólidos; gerenciamento de áreas contaminadas; recuperação de áreas degradadas; valoração de dano ambiental; ecologia aplicada; mitigação de impactos ambientais e licenciamento ambiental.
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