A comunidade de macroinvertebrados interage em diversos processos com o ambiente aquático, possuindo características relevantes, que segundo Rosenberg, Resh, (1993) e Bicudo & Bicudo (2004), apontam algumas vantagens no uso desses organismos em relação à avaliação da qualidade da água:
(a)Habitam praticamente todos os ecossistemas aquáticos;
(b)Capacidade de locomoção limitada, fazendo com que sua existência ou ausência esteja relacionada com as condições do habitat;
(c) Apresentam facilidade no uso de manipulações experimentais e resultados mais precisos;
(d) Exibem ampla variedade de tolerância a vários graus de impacto;
(e) Presentes antes e após eventos antrópicos no ambiente de estudo.
Além disso, os insetos aquáticos atuam como fragmentadores e decompositores da matéria orgânica, sendo importantes elementos de cadeias e redes alimentares (ESTEVES, 1988). Esses organismos podem ser classificados em espécies generalistas ou especialistas em virtude do local em que vivem e as adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais que apresentam, em relação à sua distribuição no ambiente analisado (NESSIMIAN & CARVALHO, 1998).
De acordo com Goulart & Callisto (2003) e Moretti & Moreno (2006), existe uma grande diversidade de macroinvertebrados que exibem diferentes níveis de tolerância em relação ao tipo de ambiente. Organismos sensíveis estão adaptados a viver em águas limpas com uma grande quantidade de oxigênio, estando frequentemente associados a substratos rochosos, ou à vegetação submersa. Os tolerantes são predadores e vivem preferencialmente nas margens dos rios, também em toda coluna d’ água e conseguem sobreviver à concentrações baixas de oxigênio dissolvido. Já os resistentes vivem em diversos tipos de corpos d’água principalmente em águas poluídas, com pouca quantidade de oxigênio ou até mesmo ausência de oxigênio dissolvido na água (GOULART & CALLISTO, 2003).
Além dos insetos aquáticos apresentarem diferentes níveis de tolerância em relação ao ambiente, em seu último estágio de desenvolvimento, tendem a apresentar maior especificidade nutricional, permitindo a classificação desses insetos aquáticos em cinco grupos tróficos funcionais:
-Fragmentadores: alimentam-se de tecido vegetal, podendo ser herbívoro ou detritívoro;
-Coletores: alimentam-se de matéria orgânica particulada fina, podendo ser detritívoros ou filtradores;
-Raspadores: alimentam-se de perifíton aderidos à superfície orgânica ou mineral;
-Predadores: alimentam-se de outros invertebrados aquáticos ou de pequenos vertebrados como peixes e anfíbios;
-Parasitos: alimentam-se internamente ou externamente do corpo de outro organismo.
Algumas famílias de macroinvertebrados apresentam diferentes grupos tróficos, como é o caso de larvas da família Chironomidae (Diptera) podendo ser coletores, raspadores, fragmentadores e predadores (TRIVINHO-STRIXINO & STRIXINO, 1995; ROQUE et al., 2003).
Tratando-se de organismos aquáticos, a comunidade de macroinvertebrados vem sendo cada vez mais estudada, contribuindo para aumentar o conhecimento ecológico sobre a dinâmica e funcionamento dos ecossistemas aquáticos (ROQUE et al., 2003).
Diante do exposto, a utilização deste método de baixo custo pode e deve ser empregado em perícias ou em complementos de planos de monitoramento ambiental, pois somente análises físico-químicas nos fornecem dados de uma situação pontual, já a utilização de bioindicadores pode nos fornecer dados referente a um período maior de tempo e que em alguns casos podem corroborar ou conflitar os resultados obtidos em testes laboratoriais convencionais.

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